Por : Sidney Santos Joaquim
A história de um casal de nordestino que vieram em busca da sorte para São Paulo
“criamos nossos filhos com muita dificuldade, mas pensar em voltar a morar aqui? nem pensar…”
Assim relata a aposentada Maria Amélia da silva acompanhada de seu marido José Duarte Silveira em visita a São Paulo, ambos com 83 anos e há 65 casados. Naturais da Bahia, eles são recepcionados pelos filhos com muita alegria no terminal Tietê e falam da época em que chegaram para tentar uma vida melhor na tão sonhadametrópole.
“cheguemos aqui no meio duma garoa de lascar, a gente não tava acostumado com nada
disso” desabafa dona Amélia.
A seca e a falta de emprego fizeram com que ambos juntassem os “os panos de bunda” e se aventurassem numa cidade até então desconhecida. Amélinha,
carinhosamente chamada por seu José, foi trabalhar como empregada doméstica em uma casa de família e ele como ajudante de pedreiro.“rapaz ,o que eu ganhava não dava nem pra comer quanto mais pra vestir” relata.
Não demorou muito para que o primeiro de uma série de 15 filhos começassem a chegar. Dona Amélia lembra que por diversas vezes pedia a DEUS para que não enviasse mais filhos.
“naquela época pílula era coisa de rico, e a gente trabalhava o dia todo, o único descanso o senhor sabe né?” relata gargalhando.
Quando perguntado se ela ou o marido lembravam do nome dos filhos,a resposta foi automática como se já soubessem qual era a pergunta. “claro! Pode perguntar”. Tamanho foi a surpresa, não conseguiram lembrar nem quatro dos 15 filhos!.
“Nossa ”tamu”ficando”véio”mesmo, ajuda”nóis”meninos!” relatam em meio a risadas dos filhos que os recepcionaram no terminal.
O tempo foi passando e as coisas para os dois nordestinos foram ficando difícil, pois a educação, a comida,e o que vestir às vezes faltava.E
se não fosse a ajuda de vizinhos e de entidades da época, segundo eles teria sido terrível.
Com muita luta e sacrifício conseguiram ainda formar alguns dos filhos, ele trabalhando com chefe de obra e ela como chefe de cozinha. Ainda na década de 80 voltaram para terra natal e atualmente só voltam para passear na casa dos filhos advogados e publicitários.
“olha nóis somos a prova de que se trabalhar a gente vence, é só querer” completam e finalizam.